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Os moinhos-de-água são marcos distintivos na paisagem rural e evidenciam a sabedoria e técnica popular no aproveitamento dos recursos hídricos. Testemunham a arquitetura tradicional de outrora e, nos campos agrícolas envolventes, sobressai o eterno ciclo agrícola – principalmente da cultura do milho, repleto de pequenos gestos e afazeres. É graças a alguns moleiros que os moinhos de água de Mira ainda teimam em laborar, integrando um valioso património sóciocultural.

Os moinhos-de-água terão surgido em força logo após a introdução do milho como cultura dominante no concelho. Devido aos cursos de água abundantes e de um caudal regular a instalação de moinhos ao longo das valas e ribeiros aconteceu naturalmente. Para além da produção de farinha, quer de milho, trigo e centeio – para a produção do pão e broa de milho – os moinhos também foram utilizados no descasque do arroz e continuam a partir milho para os animais. Com o aparecimento das moagens elétricas e das fábricas de rações para animais os moinhos artesanais caíram em desuso. Apesar da maioria se encontrar em ruínas, ainda alguns laboram ao longo de pequenas linhas de água.

Estes moinhos de rodízio são, na sua maioria, construídos em madeira tal como as casas típicas da beira-mar. Existem três núcleos, totalizando seis moinhos de rodízio, onde atualmente três têm capacidade para laborar e um trabalha diariamente na produção de farinha de milho para a afamada broa. É graças ao empenho dos seus moleiros – Sr. Praína, Sr. Laranjeiro e Sr. Carvalheira sempre dispostos a contar-nos histórias –, que estes moinhos ainda perduraram. Pela sua construção em madeira são, provavelmente, os únicos moinhos-de-água deste tipo a funcionar em Portugal.

Entre a Lagoa e o Casal de São Tomé encontram-se estes moinhos inseridos num espaço amplo e paradisíaco circundado por cursos de água, floresta e campos agrícolas. Possui uma grande represa de água onde se observam diversos patos, gansos e peixes de água doce da região. São constituídos por um núcleo único de seis moinhos, onde um pode laborar com a ajuda do Sr. Fernando Cruz – o moleiro.

São compostos por três núcleos, num total de seis moinhos – dois por núcleo. Um dos núcleos, recuperado em 1996 apresenta um moinho que graças à persistência do moleiro Ti Sorna continua diariamente a trabalhar. A arquitetura destes moinhos, feitos de adobe ou taipa é semelhante à das casas gandaresas da região. Tratam-se de uns moinhos de grande beleza, rodeados por diversos cursos de água e vastos campos agrícolas.

Entre o Casal e a Ermida em duas distintas propriedades podemos encontrar os moinhos que foram alvo das mais recentes recuperações. Os moinhos do Sr. Prina, construídos em alvenaria e pintados a amarelo, têm dois casais de mós e um em funcionamento. Os moinhos do Sr. Miranda foram recuperados em 2010 e inserem-se numa propriedade de rara beleza, com uma pequena lagoa cheia de peixe, relvados, pomar, vinha, olival e outras árvores de grande porte. Composto por quatro moinhos todos a laborar.

Situados junto à povoação da Corujeira, numa das maiores propriedades da região, inserem-se numa quinta onde se pode observar diversos animais domésticos e selvagens e praticar alguns desportos radicais. Os moinhos em alvenaria são compostos apenas por um núcleo com cinco casais de mós. Até ao momento ainda nenhum se encontra a trabalhar embora o seu edifício esteja recuperado.